Enquanto adolescente, via sempre a minha mãe fazendo consideráveis trabalhos ao mesmo tempo, por isso é que ela é minha fonte de inspiração hoje em dia. A dona Maria não fazia nada forçosamente, tampouco fuga do processo. Tudo o que tinha como meta os alcançaram com trabalho duro, sacrifícios e dedicação.
Essas características, julgo, ganhei por questões genéticas. Não é à toa que tive que esperar cinco (5) anos para alcançar a vitória de ser um estudante universitário. Quando cresci, as coisas começaram a ser necessárias devido às responsabilidades que me acometiam. Entretanto, nunca demonstrei nenhum espírito imediatista: o querer rápido. Sempre ponderava bem e nem desistia fácil.
Depois de cursar construção civil e eletricidade, estava iminente que tinha domínio do assunto; Sabia fazer, teoricamente, ou na minha cabeça, tudo o que aprendi enquanto “cursante” destas profissões: pedreira e eletricista. Um ano se passou e já queria trabalhar, demonstrar e aplicar as minhas habilidades na prática. Então, lembro-me de ter sido solicitado a ir fazer uma obra de dimensão superior às que fazíamos na época da escola.
Aceitei o convite e fui ter com o dono da obra. Porém, durante a noite, pensei com os meus botões: “tudo bem que me formei para ser pedreiro de nível alto, tenho teoricamente tudo que envolve levantamento de paredes, reboques e outras técnicas”. Mesmo assim, parecia ter faltado alguma coisa maior e que não sabia o que era de facto. Foi daí que me lembrei da experiência. Ou seja, tinha a teoria, no entanto a prática não dominava tanto assim, embora conhecesse algumas dicas.
Decidi, portanto, ir à internet fazer algumas buscas importantes que me ajudarão na hora de aplicar as minhas teorias, que seriam já no dia seguinte a este. Como o encontro foi marcado para dois dias depois da nossa conversa, pedi ao dono que me descrevesse as medidas específicas do terreno e as condições da área. Com esses detalhes, pensei que chegaria a alcançar os resultados que queria, o imediatismo consumia a minha paciência, precisava de dinheiro para me sustentar. O orçamento, tendo em conta as dimensões do espaço, era muito tentador.
A seguir ao processo de assistir a numerosos vídeos na internet, tinha a sensação de que só isso não bastava, desejava algo muito mais prático, real e tangível. Afastei-me das dicas mágicas que a internet me proporcionou e fui ter com um mestre mais experiente do que eu para ser seu ajudante na obra que tinha sido arranjada por mim. Encontrei-o sem nenhum contrato e aceito de imediato. Acertamos que receberia 40% de todo orçamento como ajudante de primeiro, aquele que dificilmente faz(ia) argamassa, apenas apoia(va) o mestre quando este estava cansado.
Lá no terreno, tudo o que aquele senhor fazia, servia-me totalmente como uma nova lição. Tinham sido umas aulas práticas bem proveitosas. Apercebi-me de que teria cometido graves erros e, quiçá, estragaria o material alheio. Ficámos 5 meses juntos. Aproveitei bastante aquele processo enquanto novo aluno. A cada coisa que se faz, não me esqueci de fazer perguntas. Fui chato, contudo a paciência ajudou-me como meio para aprender e fugir do que é imediato quando deve(ria) haver um processo.
Então, muito cuidado com as dicas que a internet diz sintetizar para ajudá-lo. Podem te servir, mas todo cuidado é pouco. Precisa de bastante discernimento para isso. As consequências do ser imediato são quase sempre irreversíveis. É bastante difícil acreditar em alguém que diz ter capacidade de te ensinar algo em menos de um mês com apenas 10 passos, quando sabemos que há pessoas tentando aprender levando uma vida hoje. A internet, diga-se, hoje em dia, está a tornar as pessoas (algumas, no caso) muito preguiçosas e dependentes de receitas mágicas para aprenderem a fazer imediatamente algo, conquanto sabemos que, às vezes, não é possível. Obedece, assim, o curso da aprendizagem e o processo de aquisição do saber teórico — prático:
1. Não percas teu foco;
2. Tem apenas paciência e é resiliente;
3. Aplique-te muito mais naquilo que deseja alcançar;
4. Não te esqueças da persistência, porque um dia dirás que valeu apenas.
Recorda-te disso: até os superdotados precisam de orientação para dominar os dons (poderes) deles.
Pega uma visão!
15 de Agosto de 2023
Por Gabriel Tomás Chinanga (O professor aprendiz)
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